"Cai água lá fora" pensava ela enquanto puxava o edredon pra mais perto do peito na tentativa de se aquecer do vento gelado que entrava pela porta tatuada com as promessas de quem um dia daria a vida pra realizar; agora só eram pingos de uma frustração conformada e ardida, daquelas que só se amenizam depois da quarta dose ou trago.
Era doce a presença dele, acalmava todas as fúrias que existiam dentro dela e ao mesmo tempo aguçava seus sentidos mais esquecidos; desenrrolou-a do edredon, diviu sua alma e beijou. Seu peito era largo e quente e aconchegante, seus olhos ainda com vestígios da inocência, seu toque, seu ar, o cheiro... Difícil de se despedir. Desde quando não existia laço, os traços eram notáveis e desejados.
Caiu em sono profundo como há muito não fazia. Planejou tanto, quis tanto, amou tanto que no final se consumiu por inteira, esqueceu as luzes acessas por precaução.
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